(VANDERDECKEN)
Pediste-Me
que estabelecesse expressamente e por escrito as condições da tua Escravidão.
Eis o que decidi:
1.
Em princípio a tua Escravidão já é perfeita e não há nada a alterar n’Ela.
Mesmo ao direito de deixar de ser escrava, que era o único que tinhas, quiseste
renunciar. Cabe-te agora Amar, Servir, Obedecer e Sofrer enquanto tu e Eu
formos vivos.
2.
Na prática, contudo, ainda há muito que aperfeiçoar. Porque não te empenhas o
suficiente; porque Me deixas em exclusivo o cuidado de te fazer escrava e não
partilhas esse esforço, ainda há muitos dias em que não és mais escrava do que
no anterior. Faltas assim ao teu dever e ao teu compromisso para coMigo.
3.
Por vezes és insolente. Por vezes chegas a ser exigente. O teu corpo nem sempre
obedece ao teu espírito. O teu Senhor compreende isto e não to leva a mal, mas
precisamente porque compreendo é que exigirei de ti cada vez mais.
4.
És escrava no teu espírito, que consente; és escrava no teu coração, que ama;
és escrava no teu corpo, quando goza; mas ainda não aprendeste a ser cabalmente
escrava no teu corpo, quando sofre.
5.
Sei que não és masoquista e que a dor física não te dá prazer. Prefiro que
assim seja: quando te provoco dor é para te castigar e não para te recompensar;
ou então é para Meu prazer e não para o teu.
6.
Quando aceitas com submissão a dor que te provoco, sei que estás a sofrer por
Mim, e não para teu próprio gozo. É uma dádiva que Me fazes, e Eu tenho
perfeita consciência de quão grande ela é.
7.
Quando te castigo fisicamente estou a ser generoso. O castigo físico é o menos
cruel dos castigos: faz sofrer naquele momento, mas rapidamente termina; as
marcas que deixa são no corpo e duram pouco.
8.
Por vezes tentas esquivar-te quando és castigada: é o teu corpo a desobedecer
ao teu espírito. Isto é indigno de ti e do compromisso que assumiste coMigo.
Como esperas obedecer ao teu Senhor se nem a ti mesma obedeces?
9.
Quando te deixas amarrar tenho bem consciência do quanto estás a confiar em
Mim. É essa confiança que exijo de ti: sei que não sou mau nem estúpido, que me
sei controlar, e não te castigarei mais do que mereces e podes suportar.
10.
Mas também não te castigarei menos do que mereceres e puderes suportar.
11.
O teu Senhor sabe bem o quanto necessitas de ser amada. Mas não te permite que
digas “quero ser amada”, porque nem nisso tens querer. O amor duma escrava
aceita com gratidão a sua contrapartida, mas nunca a exige.
12.
O mais que podes pedir, quando estás perdida de amor e necessitas absolutamente
da atenção do teu Dono, é que Ele te possua. E Eu possuir-te-ei ou não, como
entender, e permitir-te-ei ou não que tenhas prazer; e tu ficarás feliz porque
é assim que deve ser.
13.
Entre ser amada explicitamente e ser possuída vai uma enorme ausência repleta
de Sofrimento. Por isso te chamo, com inteira propriedade, a Minha “escrava
sofredora”, o que quer dizer que Me deves amar como se Eu não te amasse.
14.
Se Eu te amo, raramente to direi, ou nunca. Preencherás tu própria este
silêncio, dizendo-Me vezes sem conta, sem mentir nem ocultar seja o que for,
tudo o que sentes por Mim: desde o amor até à raiva, desde a gratidão ao
ressentimento. Apresentar-te-ás perante Mim tão nua de alma e sentimentos como
de corpo. Permitirei assim que mitigues o Sofrimento que o Meu silêncio te
possa provocar.
15.
Também te imponho, frequentemente, o silêncio. Quero que estas ocasiões sejam
para ti a oportunidade de dizeres sem palavras o que muitas vezes não pode ser
dito através delas.
16.
Às vezes ousas lembrar-Me que tens sentimentos. Eu sei que os tens, mas quero
que manifestes os que exprimem a tua Escravidão antes de manifestares os
outros.
17.
Quando o Eu te perguntar se gostarias de alguma coisa, a tua resposta tenderá a
ser “sim, se Tu mo ordenares”.
18.
A tua Escravidão não é um jogo, nem uma brincadeira, nem uma fantasia, nem um
teatro: é a tua condição de vida, a tua realidade assumida.
19.
Quero que sejas feliz na tua Escravidão: obedece-Me também nisto. Não
representes o papel de escrava: sê escrava.
20.
Junto do teu Senhor estás em terreno sagrado: em Minha casa e no Meu automóvel
estarás sempre descalça, esteja Eu presente ou não. Também estarás descalça em
tua casa sempre que Eu estiver presente.
21.
Na rua e noutros lugares ficarás descalça sempre que Eu to ordene, porque os
teus pés nus são a Coleira de escrava que determinei para ti. Se a obediência a
esta ordem te causar por vezes embaraço, humilhação ou vergonha, e se estes
sentimentos te fizerem sofrer, aceitarás este Sofrimento de bom grado porque te
vem de Mim.
amo esse texto
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirBelo texto... e completo, nada a acrescentar. Muito bom ler um texto desta envergadura para refletir e aprimorar.
ResponderExcluirAh.. o blog está lindo!