quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A EXPRESSÃO DOS SENTIMENTOS


OBS - Postei esse texto algum tempo atrás.
Hoje resolvi reprisá-lo e trazê-lo  para "a frente" devido  a profundidade da beleza do seu conteúdo com expressões tão sentidas, tão sentimentais. Foi um desabafo... Uma súplica... Um desejo... Um momento de  reflexão, desespero, nostalgia...
Mas tudo regado com tua Marka.





"Se Eu te amo, raramente to direi, ou nunca. Preencherás tu própria este silêncio, dizendo-Me vezes sem conta, sem mentir nem ocultar seja o que for, tudo o que sentes por Mim: desde o amor até à raiva, desde a gratidão ao ressentimento. Apresentar-te-ás perante Mim tão nua de alma e sentimentos como de corpo. Permitirei assim que mitigues o Sofrimento que o Meu silêncio te possa provocar."    (Vanderdecken)


Expressar sentimentos sempre traz uma consequência, seja ela boa ou não. Quando leio os textos de Vanderdecken eu  me resigno à minha insignificância de serva. Uma serva "não é nada" - ouvi certa vez;  ou "pode ser tudo" - digo eu. É um objeto de valor, para quem de fato a valoriza. 
Senão pense comigo: Pode-se imaginar uma pessoa dedicando sua feminilidade, seu ser, seu corpo, sua alma, seu tempo, seu prazer, sua dor, seus órgãos, seus membros para o prazer de um homem, de um dominador? 
Essa é a relação de um dominador e sua submissa. Seres iguais, macho e fêmea, mas tão diferentes, independentes e interligados. No entanto, nossos desejos e nossas respirações nos igualam. Quer dominador, quer escravas: brancas, negras, amarelas... qualquer um independe da cor ou da raça.
Não são os status - que são vários - que  determinam a dimensão do envolvimento e do prazer. São as afinidades. O querer. Os desejos comuns, os feronômios... Assim os sentimentos. Há momentos de raiva, de angústia, saudade, dor,  alegria, contentamento, tristeza. São vários e de várias maneiras se manifestam. Eu gosto do silêncio. No meu silêncio em medito, eu choro, em brigo. Eu penso. Mordo a "tua" coxa, te dou até bofetada na cara como forma de te castigar por me deixar nessa saudade de Ti...
No meu silêncio como tenho pensado em TI! Sem saber como vais, onde vais, o que fazes, onde estás... Busco respostas no emaranhado do meu cérebro, meus neurônios, tentando concatenar contigo, buscando uma ponte, uma ligação, um fio que  conduza nessa interligação. Só me restou os céus, o sol, a chuva, o arco íris que mais uma vez apareceu, me forçando a  fazer uma viagem de regresso ao passado-presente, vivo, distante-próximo, tateando markas, resvaladas pela extensão da memória, como que  criando caminhos, rotas que levam a pensar em ti todo dia... Vou recorrendo aos poetas que sem saberem, para mim escreveram, como José Saramago:


Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?




Entro em meu confessionário e naquele recanto sagrado do coração vou confessando  tua ausência, vou confessando os momentos vividos, vou confessando a saudade viva. Buscando penitências, sem serem necessárias, pois a vida já está penitente. 
Dores de sentimentos de rejeição, de silêncios falantes.  De imaginar  os imagináveis. 
Sem destino ou direção. Mas acompanhada de uma imensa nostalgia. Pois nenhum final é final se não é finalizado. Mas nem Giuseppe Garibaldi pensou nisso, quando deixou sua Manuela naquela sua paixão platônica, plantada numa janela de esperança, esperando sempre sua volta, seu retorno, ou quem sabe alguma notícia. Mas Garibaldi nunca voltou ao seu encontro, mas Manuela também nunca desistiu e morreu à espera do homem de seus sonhos... Ela sonhou, sonhar não é viver, é morrer na ilusão...

Triste final para uma esperança de amor... Apenas uma expressão de sentimentos. Às vezes sentimentos tão doloridos, machucados. Outras vezes revestidos de  tesões, paixões, e porque não amor?

Qual a profundidade, extensão, altura ou largura de um sentimento de uma submissa pelo seu Sr? Ou vice-versa? Quem pode medir, quantificar ou mesmo expressar  o que vai no fundo da alma ou do peito quando se fala de entrega?




Um nick acrescido a um nick? eu serva ylena  di...  de quem? Seríamos nós  narcisistas a ponto de querermos ser só de nós mesmos? Sem "nos compartilhar" com outros? Dominadores de si mesmos, que vivem para seus próprios prazeres. Submissas de si mesmas que também vivem só para si. Que se entregam aos prazeres avulsos,  cheios de momentos,  mas sem nós, nem laços. Sem entrega real, sem recebimento real, sem liturgia, sem sessão, sem relação psico-afetiva, são relacionamentos instrumentais. Mesmo que deles não se precisam... Afinal BDSM é  paralelo a uma sociedade que entre 4 paredes o vivencia, mas que publicamente o condena. Homens e mulheres que se lambuzam de prazeres, se degustam de tesões, regados com picantes seduções, entre fodas e invasões, cobertos de silêncios e repletos de gemidos... Somos  de sentimentos tão medíocres! Falsários. Com medos de nos desnudarmos e nos desmancharmos em  paixões; porque somos reprimíveis... Escondemos sentimentos e temos medo de amar o outro.




Cosas Preciosas
De Lorezo Ramón

No me pides que te diga cosas preciosas
para regalar el ego de tus oídos
por que sabes que soy un hombre callado
y la sinceridad es mi mayor virtud
cuando estoy enamorado.


Digo las palabras que mi torpe corazón
pone a disposición de mi vocabulario
donde se extiende en toda su expresión
sin la necesidad indeseada
que impone un diccionario.


Cuando hablo dejo fluir mis sentimientos,
esos que conoces desde el primer día,
y son mis poemas el medio
que brotan desde la pequeñez de mi alma
para dar luz a la melodía.


No me pides que te diga cosas preciosas
por que sabes cuánto te amo...


Vamos nos entregando sem entrega real. Dominador se entrega ao prazer, submissa se entrega ao dominador e nessa roda-viva  o BDSM  não expressa sentimentos de BDSM, apenas  de saciedade de necessidade. Perdendo a essência, a cor, o colorido, a paixão, a liturgia da sua  existência... 
Ah, quem dera o tempo de  se voltar a se fidelizar os compromissos, os sentimentos, o BDSM!...  Que vai markando  as tiras do tempo com momentos de sessões de toques, pele na pele, corpo no corpo.  Sentir uma respiração ofegante no "cangote" complementada por uma explosão de prazer...

Que marka melhor expressa a marka de uma entrega?




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